Criando uma Rotina de Estudos

Organize a sua ROTINA DE ESTUDOS, evite os 5 erros mais comuns no estudo da música,
e saiba como trabalhar a sua CONSCIÊNCIA MUSICAL para tocar com FLUÊNCIA

Você sabia que tocar um instrumento é muito parecido com falar um idioma?

Segue comigo aqui que eu vou te explicar como funciona o método que desenvolvi para levar meus alunos à fluência musical. E o que é ser fluente em música? É basicamente a mesma coisa que ser fluente em um idioma!  É tocar de uma forma natural e espontânea, literalmente como se você estivesse falando com o seu instrumento. As ideias vêm na sua cabeça e a música sai pelos seus dedos.

Trabalhando comigo até o final deste artigo, você vai criar uma rotina personalizada de estudos práticos, conceituais, criativos e mecânicos, com tudo o que você precisa para desenvolver a sua consciência musical e ganhar fluência.

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Todo mundo pode, nem todo mundo precisa

Agora, antes de entrarmos mais a fundo, quero te dizer que se você quer apenas tocar uma música ou outra mais básica, tocar um hit do momento pra animar a galera, mas sem se aprofundar mais que isso, o seu lugar não é aqui. Você estará muito mais bem servido em um site de cifras!

Mas se você, por outro lado, quer criar uma relação com a música e o seu instrumento, tocar de uma maneira espontânea, se divertindo com a música e o instrumento (mesmo que tocando algo simples!), tendo a liberdade de fazer do seu instrumento uma ponte que leva a música que você ouve e que você cria a se materializar em som, independentemente se a música pra você é um hobby ou a sua profissão, este método é pra você.

E tem mais: este método funciona para qualquer instrumento e para alunos de todos os níveis, do iniciante ao avançado. Isto porque ele está muito mais ligado à maneira de você entender e abordar o estudo da música do que ao conteúdo propriamente dito.

Como eu aprendi a tocar com fluência

É um método que, obviamente, não surgiu do nada. Talvez você já me conheça, meu nome é Nelson Faria, e eu sou músico profissional e professor desde a adolescência. Coloca tempo nisso! Na verdade, quando eu aprendi os meus primeiros três acordes eu já estava ensinando aquele pouco pra quem ainda não sabia nada. A música sempre esteve presente na minha infância, sou o caçula de seis irmãos e comecei a aprender a tocar o básico em casa, com a minha família, mas meu primeiro professor de verdade foi o Gamela.

Um dia eu estava no carro conversando com um amigo, o Marcelo Lafetá, e ele colocou pra tocar uma fita K7 com um cara tocando violão. Esse cara era o Gamela, tocando o arranjo de “Triste”. Eu pirei! Meu amigo me contou que aquele era o professor dele e me chamou pra ir na próxima aula com ele. Acabei virando aluno do Gamela também…

Na minha primeira aula com o Gamela eu cheguei às duas da tarde e só saí de lá quando tava anoitecendo… é que os alunos iam chegando, chegando e ninguém ia embora, porque a galera aprendia as mesmas músicas, então todo mundo se juntava pra praticar junto.

O lance do Gamela era te fazer tocar! Ele era um cara totalmente focado na parte prática da música, em repertório. Você já saía da primeira aula sabendo tocar uma música! Lembro que o pessoal lá em casa, meus irmãos, começaram até a comentar “Nossa, agora você tá tocando de verdade, hein, Nelson!”

Lembro que um dia eu cheguei na sala do Gamela pra ter aula, sentei no sofá, ele olhou pra minha cara e disse: “Nelson, eu acho que tá na hora de você encarar a música de verdade. O Tico tá indo pra uma escola fantástica, chamada GIT” – Tico era um amigo meu que também estudava com ele – “… Dá uma ouvida nisso aqui.” Aí ele pegou uma fita K7 que tinha escrito assim: “The Monsters Are Here”. Ele pegou, colocou no toca-fitas e a gente começou a ouvir… Basicamente, foi um soco na boca do estômago.

A gente ficou ali na sala escutando aquela fita, principalmente as faixas My Romance com o Ron Eschete, Like Someone in Love com o Joe Diorio e uma guitarra bem fusion de um cara chamado Pat Martino. Ouvir aquilo foi de fato extremamente impactante. Acabei trancando a faculdade de Economia e indo estudar guitarra nos Estados Unidos.

Quando eu cheguei lá no GIT, apesar de em Brasília eu já tocar profissionalmente em barzinhos e ter um repertório grande, eu não conhecia nada da parte de escalas, arpejos, improvisação… eu não sabia tocar uma escala maior! Então na minha primeira semana de aula, uma matéria que foi muito importante foi uma chamada Fingerboard Mapping, ou seja, mapeamento do braço. O professor era o Dan Gilbert e lembro que quando ele viu que eu não sabia nada mesmo, me deu uma semana pra aprender todas as digitações das escala maior.

O GIT trabalhava com um sistema que funcionava muito bem: a gente assistia as aulas com o conteúdo em vídeo, e chegava na sala de aula já preparado para tirar dúvidas com o professor e nos aprofundar em algum tema. A gente recebia também uma folha com um cronograma de estudos da semana, e tinham os Labs, que era um console, tipo uma estação de estudos, com um lugar pra você plugar a guitarra, outro pra ligar o fone, um toca-fitas, um timer e um metrônomo. 

Naquela estação e com a folhinha do lado, todos nós passávamos o dia estudando. Era engraçado que tinha até o momento do descanso com tempo marcado ali no cronograma, então se você começasse a estudar na mesma hora que o colega, o intervalo coincidia também e dava pra conversar um pouco.

Nesse início eu fazia basicamente estudos mecânicos, de técnica ou digitação de escala, por exemplo, e cronometrava ali 3 minutos, ou 5 minutos pra cada exercício. Foi ali que aprendi o poder de se fazer algo de forma consistente, com uma rotina, mesmo que sejam poucos minutos dedicados a cada tarefa.

Também foi nessa época que eu descobri que dominar um instrumento é como subir uma escada rolante que está descendo… pra ficar no mesmo lugar, tem que fazer um mínimo de esforço, sempre. Se você parar, vai voltando pro nível anterior…. e pra chegar no próximo nível, demanda um esforço maior, pra conseguir galgar ali os degraus da escada mais rápido do que ela está descendo!

O curso durava 1 ano e se dividia em 4 períodos, sendo sempre 2 meses e meio de aulas seguidos de 15 dias de férias. Lembro que eu era o primeiro a chegar e o último a sair, queria aproveitar aquela oportunidade ao máximo. Chegando no final do primeiro trimestre eu estava exausto, era um ritmo de estudos bem puxado, e eu me sentia frustrado por não estar vendo resultado!

Comecei a questionar meu talento. Eu não sabia se seria capaz de me tornar músico, porque eu estava estudando muito, mas quando ia tocar não saía nada!

Gente, isso aqui que eu contei agora é muito importante mesmo. Muitos alunos meus já passaram por isso também. E eu quase desisti de ser músico por conta disso.

O que me fez persistir foi uma conversa providencial que eu tive com a Becky Hicks, que foi um verdadeiro anjo na minha vida. Ela era uma das donas da escola e, quando eu desisti do curso e assinei lá a papelada na secretaria para cancelar a matrícula, ela viu a minha tristeza e me chamou para essa conversa.

Ela me explicou que aquela frustração que eu sentia era normal, e era algo com que eu precisava aprender a lidar, pois na música o nosso aprendizado não é linear: a gente não aprende e melhora, aprende e melhora. O nosso desenvolvimento se dá em saltos! Quando aprendemos algo novo, ainda não conseguimos aplicar aquilo na prática, porque aquela informação que já está na nossa cabeça ainda não está debaixo dos dedos. E aquelas coisas que estão debaixo dos dedos já não nos inspiram mais! A sensação que dá é de que estamos piorando, só que se você insistir nesse trabalho, você vai ver que de repente a coisa vai. A Becky foi extremamente generosa, e me garantiu que, se eu continuasse insistindo mais dois meses, e ainda assim quisesse desistir, a escola me devolveria o mesmo valor que eu tinha a receber naquele dia. Então eu insisti e vi o salto acontecer. Entender isso tirou um peso enorme dos meus ombros, e a partir daí não tive mais dúvidas de que seria músico.

Do meu tempo no GIT, o professor que mais me impactou foi o Joe Diorio, um cara extremamente criativo e com um impressionante domínio conceitual da música. Foi ele quem mais abriu meus ouvidos para entender a música de uma forma mais ampla, me mostrando que a música é uma linguagem. Ao invés de trabalhar estritamente com as escalas e os arpejos, me ensinou a pensar em vocabulário e fraseado.

Lembro que toda noite eu ia dormir com fones de ouvido, ouvindo jazz, que é uma linguagem com que eu não tinha familiaridade nenhuma na época. Teve uma noite em especial que eu me lembro como se fosse ontem. Eu já estava deitado, pronto pra dormir, ouvindo Wes Montgomery e, de repente, eu entendi uma frase que ele tocou! Dei um pulo da cama, peguei o violão e toquei a mesma frase na hora. Essa foi a primeira vez que eu transcrevi alguma coisa. Foi tão incrível que eu tive a sensação de que eu era surdo até aquele instante! Eu ouvia um monte de nota, mas não entendia nenhuma frase. Esse momento foi um divisor de águas pra mim, foi quando senti que dei um salto.

Quando voltei para o Brasil, trouxe muito material de estudo, que naquela época era muito mais difícil de conseguir. Eu sabia que aquela experiência tinha sido um privilégio e acabei tomando como missão pra mim compartilhar aquelas informações. Eu organizei tudo aquilo que tinha aprendido com professores tão diversos e tão complementares, e com o tempo, juntando o que aprendi com meus professores com a minha experiência depois como músico, com a troca com colegas e alunos, fui criando minha maneira de ensinar, minha metodologia, e foi dando certo.

Inclusive, não muito tempo depois de eu voltar para o Brasil, o Toninho Horta me convidou para ser professor no 1o Seminário da Música Instrumental. O material que eu levei como apostila pra entregar para os alunos foi o que, anos depois, acabou sendo publicado, virou o meu livro “Acordes, Arpejos e Escalas”.

Foi também nesse seminário que eu conheci um cara que viria a ser mais um grande professor para mim, mais uma referência fundamental para completar o quebra-cabeças de informações que eu estava montando ao desenvolver a minha metodologia. Alguém que também foi um grande amigo: Ian Guest.

Com o Ian, aprendi a parte formal da música, conceitos teóricos, harmônicos, programação da partitura, de um arranjo, questões de cifragem, de enarmonia, todos os conceitos que nos dão a base para entender a mecânica da música.

Eu tive vários professores muito generosos durante a minha vida. Desde o Gamela, meu primeiro professor, que era um músico muito prático, intuitivo; até o Dan Gilbert, que me recebeu no GIT e me fez aprender a mecânica das escalas, arpejos, conhecer o braço da guitarra, ganhar o domínio do instrumento de uma forma rápida e eficiente; passando pelo Joe Diorio, que é talvez a minha maior referência, um músico mundialmente reconhecido pela sua extrema criatividade e quem moldou minha forma de improvisar; e o Ian Guest, um músico com uma capacidade analítica excepcional que organizou a parte conceitual da música na minha cabeça, do básico ao avançado.

Cada um deles e dos tantos outros professores que tive – seriam muitos nomes para citar agora – me formou como músico e como professor, busquei juntar o que aprendi de melhor com cada um deles e com a minha experiência com os meus próprios alunos também para construir essa metodologia que eu vou explicar agora.
Então vamos lá, botar a mão na massa!

Como você pode aprender a tocar com fluência

Os 5 erros mais comuns no estudo da música

A primeira coisa que eu acho importante chamar a atenção são os erros mais comuns que eu percebo nos alunos de música. São estes 5 erros:

1) Não ter uma rotina de estudos

O primeiro deles é não ter rotina, estudar de forma irregular: um dia você estuda por horas e horas seguidas, depois passa semanas sem estudar nada.

É tipo aquele cara que nunca faz um exercício na vida, está acima do peso, e um belo dia resolve que quer entrar em forma e sai pra correr uma maratona, e depois não faz mais nada de novo. Não vai dar certo! Ele não vai entrar em forma com um dia de corrida na vida e outro na morte, e tentando correr uma maratona de uma vez ele vai é se quebrar todo.

Nesse ponto, fazer música é igual a fazer exercício, fazer dieta… um pouquinho a cada dia, sem querer ir pra extremos, e a evolução vem aos poucos.

2) Achar que é questão de ter o dom

Outro erro muito comum é aquela pessoa que acha que é só fechar os olhos sair tocando, numa visão ingênua de que na hora a inspiração vem “pra quem tem o dom”. Tem uma frase ótima do Picasso que diz: “Quando a inspiração chegar, vai me encontrar trabalhando”.

[História do Workshop John Scofield] 

Não é que não exista a intuição, ou a inspiração, como queira chamar… eu costumo falar que a intuição é a nossa habilidade de lançar mão de forma espontânea de informações que a gente tem, não de informações que a gente não tem! Isso porque a música é uma linguagem e funciona do mesmo jeito que uma língua. Às vezes ouço alguém falar “Fulano toca de um jeito super intuitivo, só sai tocando sem saber nada”. Então vamos fazer um experimento? Feche os olhos e me conta aí o que você comeu hoje no café da manhã. Viu? Você falou de um jeito totalmente intuitivo. Você não planejou nada, não estudou exatamente o que ia falar agora, você simplesmente fechou os olhos e saiu falando em português intuitivamente. Alguém poderia ver isso e pensar “Nossa! Respondeu de bate-pronto, saiu falando super bem em português, totalmente intuitivo, tem o dom da palavra!”. Beleza. Agora vamos repetir o experimento: feche os olhos e me conta aí o que você comeu hoje no café da manhã, só que em chinês! Não deu? Ok, me explica como funciona teoria da física quântica! Pois é, isso prova que só conseguimos colocar pra fora, com fluência, uma informação que um dia a gente colocou pra dentro. Temos que estar sempre buscando informações para nos abastecer com as ideias musicais que depois vão sair de forma espontânea, estejamos de olhos fechados ou abertos.

3) Só estudar técnica

Um outro erro que eu vejo muito é a pessoa que estuda só técnica, toca um monte de escalas e arpejos com uma mecânica excelente, velocidade, cada nota soando perfeitamente… mas que não sabem o que fazer com isso. Eu falo “vamos tocar uma música?” e a pessoa não sabe nenhuma. Sabe executar as escalas e os arpejos com muita habilidade, mas se ouve aquilo numa música, não sabe nem reconhecer ali a mesma sequência de notas que ele mesmo já tocou centenas de vezes! Desenvolver uma técnica bacana é muito importante, mas não podemos nos esquecer que a música é o principal.

4) Só estudar teoria

Ao contrário do que só estuda técnica, tem também quem só estude teoria. Sabe tudo de formação de acordes, claves, transposição, todas as regras da harmonia, mas não pega no instrumento e nem para pra ouvir música com atenção! Se você cometer esse erro, vai ler e entender tudo, explicar tudo que está acontecendo na música, saber todos os porquês, mas só no papel. Pra você ter fluência na música, precisa estar com a mão na massa, criar intimidade com seu instrumento e também com os sons da música.

5) Só querer ser criativo

Para fechar essa lista de erros, o quinto e último que vejo muito também é quando os alunos chegam e querem escrever composições e arranjos, ou até querem improvisar de uma maneira autêntica e criativa, muitas vezes até sabem quais são os caminhos, as funções dos acordes e das notas na harmonia, mas não tem um mínimo de vivência prática. Nem dominam um instrumento suficientemente bem pra dar vida à criação, e nem tem ainda a  consciência de quais sensações aquelas notas que eles estão planejando vão produzir na hora que forem tocadas.

Não tem nenhum problema você ser um músico super intuitivo, ou super ligado nas questões teóricas da música, ou alguém que curte mesmo ficar ali numa criação mais intelectual, compondo e criando arranjos, e certamente não tem nada de errado se você quiser trabalhar mesmo com afinco a técnica, tocar com uma super precisão. O lado que você escolher pra se dedicar mais, seja ele qual for, tá tudo certo. O problema é largar totalmente de lado o resto, porque aí você nunca vai chegar na fluência, vai ser sempre um músico meio capenga!

Como estudar do jeito certo

Agora que você já sabe quais erros você não pode cometer, vou te responder as 3 perguntas que eu mais ouço em relação ao estudo da música, independentemente do nível do aluno que chega. São perguntas básicas, mas foi respondendo essas perguntas para dezenas, centenas de alunos, que consegui chegar nesse método, o caminho das pedras para se tornar fluente na música. As perguntas são: 

1) O que preciso estudar?

2) Por onde devo começar?

3) Quantas horas preciso estudar por dia?

Vamos lá, vou responder a cada uma dessas perguntas, e vou tentar dar a resposta mais completa o possível.

Começando pela primeira: o que preciso estudar?

Existem dois tipos básicos de estudos: os estudos criativos e os estudos mecânicos.

Cada um desses tipos exige uma forma diferente de estudar e praticar.

Estudos mecânicos são coisas que estudamos muito com base em repetição e reflexo. É como aprendemos, por exemplo, as digitações de escalas e arpejos, regras de formação de acordes, leitura de partituras e cifras, técnica, teoria musical, …

Muitas vezes são coisas que os alunos acham mais chatas, mas é muito efetivo estudar e praticar esses assuntos em períodos de tempo mais curtos,  você aprende uma regra, um movimento, repete ali por 10 minutos, 5 minutos, 3 minutos, e passa pro próximo. Dependendo do que for, na hora de praticar dá até pra estar meio distraído, quando está ali só repetindo uns exercícios mais simples de técnica, por exemplo, dá pra ficar fazendo e assistindo TV, que nem o pessoal na academia, fica ali na esteira, seguindo no ritmo, mas de olho lá no BBB.

Já os estudos criativos demandam mais pesquisa, experimentação. Para trabalhar repertório, fraseado, harmonia, improvisação, esse tipo de assunto, você precisa estar atento ao que está fazendo, focado, testando formas de fazer aquilo, pensando que caminhos você vai explorar, … e por isso normalmente você vai precisar reservar um tempo mais longo pra estudar e praticar esses assuntos, tem que viajar no som mesmo.

Agora, qualquer assunto que você estude, seja mais mecânico ou mais criativo, precisa de duas formas de aprendizado: conceitual e prática. Mas para alguns assuntos você vai precisar mais tempo na prática do que na conceitual, e outros vão ser o contrário, você vai precisar gastar mais tempo na parte conceitual do que na prática.

A parte conceitual é mais intelectual, é a parte de entender as coisas, compreender como tudo funciona. E a parte prática é a aplicação daquele conceito, é quando você vai sedimentar na prática o que você estudou conceitualmente, e você vai estar sempre balanceando esses dois lados do aprendizado. 

Então é importante você entender que essa é a diferença que existe entre estudar e praticar.

Quando estamos estudando, estamos aprendendo uma informação nova, colocando aquela informação pra dentro, e precisamos estar atentos e focados para aprender aquilo de maneira correta. Quando estamos praticando, estamos sedimentando aquela informação nova, para que depois a gente consiga colocar ela pra fora num segundo momento, ou seja, para que possamos chegar ao ponto de executar com fluência o material que a gente aprendeu.        

Então, como eu vinha dizendo, eu voltei do GIT tomando pra mim a missão de compartilhar informação e conhecimento musical, e ao longo de todos essas anos atuando como músico profissional em palcos e estúdios mundo afora, não deixei nunca de ser professor. Desde os alunos particulares, passando pelas aulas e apostilas que dei no Seminário do Toninho, aulas que dei na Escola de Música de Brasília, na Faculdade de Música da Estácio, na escola do Ian Guest, na escola do Antonio Adolfo, em festivais e cursos por todo o Brasil e dezenas de países pelo mundo.

Eu também sempre tive o sonho de montar a minha escola de música, mas isso sempre foi muito difícil pois a minha rotina já não permitia esse compromisso tão grande de estar presente todos os dias ali em um local. Eu toquei com artistas que eram (e ainda são!) meus ídolos, como João Bosco, Ivan Lins, Leila Pinheiro… e viajar em grandes turnês era a minha rotina, toquei no mundo todo, Japão, Estados Unidos, Canadá, Angola, Malásia, Indonésia, na Europa quase toda…  .